sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

O carrossel nunca para de girar...



Os fãns da série Greys Anatomy (ou Anatomia de Grey) conhecem bem essa frase!
Usada pela Dra Ellis Grey, mãe da personagem principal da série Meredith Grey, a frase esteve presente em vários episódios e contextos diferentes, mas em todos (ao meu entendimento) o carrossel fazia referencia a NOSSA VIDA.

Nossa vida é como um carrossel que nunca para de girar. Não é fácil subir, as vezes não é fácil permanecer em pé, as vezes temos tontura, e as vezes sentimos a agradável sensação do vendo batendo em nosso rosto. Algumas pessoas optam por descer, mas mesmo assim o carrossel não para de girar.

Nem todo mundo embarca realmente, algumas ficam só de fora, olhando... Mas ficar de fora, assistindo a vida e a diversão dos outros no carrossel da vida, não tem a menor graça!

(texto mais curtinho, só pra refletir)

Júlia B. Benedini - Psicóloga (CRP:08/14965)

sábado, 10 de junho de 2017

Pelos olhos de Larissa - um relato de TDAH

Pelos olhos de Larissa....
(*Personagem fictício).

         
                        "Dizem que os olhos são a janela para a alma, então hoje, eu vim contar um pouco da minha história, para ver se vocês conseguem me ajudar a entender um pouco da bagunça que tá aqui dentro!" (Larissa) 

E novamente toca aquela musiquinha do celular, avisando que era hora de acordar.

Segunda feira, 15 de abril de 2010; 06:30 da manhã. Hora de levantar, se arrumar e ir para a escola.

Larissa tinha apenas 9 anos, mas tinha que acordar sozinha, pois sua mãe trabalhava a noite, e estava dormindo nesse horário.
“Que droga, não quero levantar. Vou fazer o que na escola? Não consigo aprender mesmo! ” Pensou Larissa consigo mesma. Mesmo contrariada, levantou, se trocou e foi escovar os dentes. Quando se deu conta, a van escolar já estava buzinando na frente da sua casa, e ela ainda nem tinha tomado café.

Larissa estava no 4º ano, aluna de uma escola particular e desde que se "conhecia por gente" tinha dificuldades na escola, “não conseguia aprender”.
Sua primeira aula daquele dia era matemática, matéria que Larissa menos gostava e tinha mais dificuldade para prestar atenção e, consequentemente, aprender.


“O que será que está acontecendo ali fora? Ahh o 1º ano está no recreio!! Quando eu estiver no recreio, quero comprar um pão de queijo e um suco de morango, daqueles de caixinha! Como será que faz pão de queijo? Ou será que como uma coxinha, para variar um pouco? O que será que eu comi no recreio ontem e....”

- Larissa, pode parar de batucar, por favor? Pediu a professora.

“ Nossa, que susto, meu coração quase saiu pela boca! Nem percebi que estava batucando! O Carlinhos já levantou duas vezes para apontar o lápis! Será que o lápis dele está com defeito? Eu tenho dois lápis de escrever aqui, será que ele quer um emprestado? Levantando desse jeito ele não vai conseguir prestar atenção!  Que horas será que são? Estou com fome, mal posso esperar para o recreio! ”

-Ei, Larissa, você está chutando a minha cadeira!  Exclamou Clara, coleguinha que sentava na carteira na frente.

“Eita! Nem vi que estava balançando as pernas! Será que eu fiz isso? Desde que horas? Melhor eu começar copiar, antes que a prof. apague e eu fique de novo sem recreio! ”
Porém, quando Larissa tomou a iniciativa de copiar, já era tarde demais! A aula terminou, a  professora apagou o quadro e, “por falta de tempo”, Larissa não copiou a matéria: “ droga, quanto tempo será que vou ficar de castigo desta vez? E de novo sem recreio! ”  Os devaneios de Larissa eram tantos que ela não notava quando se distraia e entrava em “em seu mundinho particular”, e para ela, isso tudo era normal, todo mundo era assim, todos tinham mundos particulares e viviam mais nele do que no mundo presente.

A Próxima aula era de história, e Larissa gostava muito dessa matéria.

 - Hoje vamos estudar um pouco sobre a escravidão no Brasil. Alguém lembra qual o nome daquela lei, que impedia os escravos com mais de 60 anos ....

Larissa ficou eufórica! Levantou as duas mãos, ficou em pé em cima de sua cadeira, pulou e gritou: -Eu, eu professora! Nessas ocasiões, a menina parecia não se controlar, sentia o coração disparar e uma agitação fora do normal, ela precisava falar! Por fim, cansada de esperar (por poucos segundos) ela acabou podando a professora, que ainda explicava o restante da lei e respondeu, antes de todos:

          - Lei do sexagenário, Professora, é a lei do sexagenário, falou ela já se sentando e sentindo um alívio e orgulho si mesma por saber a resposta, antes mesmo de dar a chance da professora terminar e escolher um aluno para responder a pergunta.

A aula seguiu e Larissa seguiu focada, encantada pelo tema. Carlinhos apontou o lápis, o 2º ano saiu para o recreio e nem a briga de dois alunos no pátio tirou sua atenção.

Larissa tinha um histórico de muita desatenção em sala de aula, dificuldade em manter-se focada. Os  professores tinham a impressão que ela vivia “no mundo da lua”; perdida em seus pensamentos e devaneios. Ela não era uma criança inquieta, que vivia pulando e/ou se machucando, mas vivia batucando com os dedos, com o lápis (que aliás, eram mastigados), ou balançando os pezinhos (e por vezes chutando a carteira da frente) e segundo ela, só notava esses comportamentos quando chamavam sua atenção. Larissa só conseguia se concentrar e prestar atenção nas disciplinas e assuntos de seu interesse, e quando isso acontecia, queria responder todas as perguntas, não esperava sua vez, e por vezes, interrompia o professor para falar algo que já havia lido ou estudado em casa.

Como perdia muitos conteúdos de outras matérias, Larissa não conseguia aprendê-las, e pensava que era burra e preguiçosa, sua autoestima era muito baixa. Algumas vezes, em casa, ficou de castigo e apanhou por ter tirado notas baixas, por não ter copiado a matéria do quadro ou não ter feito o dever e ouviu que “não prestava atenção porque não queria”. Larissa era uma criança que gostava muito de conversar, simpática, embora tímida com estranhos. Tinha seu mundo particular, seu mundinho interno, onde tudo era legal, e principalmente não havia escola. Embora gostasse de algumas matérias, a cada dia estudar se tornava mais exaustivo, e prestar atenção impossível. A escola, aliás, já não sabia mais como ajudar Larissa. Ela era uma menina quieta, bem-comportada e “obediente”, nessas condições, ninguém jamais desconfiaria que Larissa tivesse TDAH, pois crianças com TDAH não param quietas! Será?

Olá pessoal! Este foi um post atípico! Estou "começando" o post pelo final, pois resolvi contar a história da Larissa primeiro.
Para quem caiu de paraquedas aqui, está conosco pela primeira vez, seja bem vindo! Meu nome é Júlia, eu sou psicóloga e idealizadora do blog, canal e fanpage Bate papo com pensamentos. Neste blog conversamos sobre assuntos ligados ao nosso dia a dia, e como a psicologia pode ajudar, e gosto de iniciar cada tema com a estória de um personagem, que é sempre fictício, mas acaba tendo um pouco de cada um de nós (o que não significa que temos o problema que estamos discutindo).
Hoje eu contei a história da Larissa, e na semana que vem, na sexta feira, dia 16/06, as 21:15, temos um encontro ao vivo em minha fanpage Bate papo com pensamentos para um bate papo sobre o TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade)! Não tem facebook? Se você não tem facebook, não se preocupe! É só clicar aqui e você poderá assistir à palestra normalmente, só não será possível comentar.

Bem, eu espero que tenham gostado da estória de hoje e lembrando: hoje foi apenas uma INTRODUÇÃO do que teremos na nossa palestra, Ok? Aguardo vocês ansiosamente!!


Abraços,

Júlia B. Benedini - Psicóloga (CRP: 08/14965)

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

ASSERTIVIDADE: ESTRATÉGIA para se dar BEM nos RELACIONAMENTOS!

    


Olá pessoal, como vocês estão?


    Nos vídeos das últimas semanas conversamos sobre duas maneiras bem opostas de agir com as pessoas com quem nos relacionamos, certo?
Falamos dos “bonzinhos” e também dos “sinceros”, e hoje vamos conversar mais sobre essas duas maneiras tão diferentes de se relacionar.

    Bonzinhos e sinceros, são estratégias de comunicação que se encontram em polos opostos, e são também chamados de passivos e agressivos.

    Os passivos, como comentei no nosso vídeo,(se você ainda não viu, basta clicar nesta frase), são pessoas que falham na comunicação das suas necessidades, preferências, emoções e opiniões; os passivos costumas passar por cima de seus próprios direitos e vontades, e acabam permitindo que
os outros façam o mesmo.
    A pessoa passiva é aquela que evita confrontos (a todo custo), e sofre, por estar constantemente preocupada com a opinião dos outros. Por não saber dizer não, assume muito mais do que é capaz de fazer, pois assim, não entrará em um possível conflito, contrariando ninguém.
 Geralmente (isso não é uma regra) são pessoas com autoestima e autoconfiança muito baixa, e que acabam aceitando “abusos”, sejam eles no âmbito profissional, social ou amoroso, por medo de perder os “benefícios” (emprego, namoro, amigos) que têm.


    Se de um lado, estão os passivos, que acabam “topando perder para não desagradar ninguém”, do outro lado estão os agressivos, que no vídeo, chamamos de sinceros (se você ainda não assistiu, clique o ícone em laranja), e que estão sempre ansiosos por ganhar, não se importam com os outros, pois para ele, o importante são seus desejos. O agressivo costuma usar frases do tipo “eu sou muito sincero; é difícil para os outros lidar com a minha sinceridade; eu não tenho papas na língua”.  Pessoas agressivas defendem os seus direitos, porém, violam o direito dos outros, machucam as pessoas com quem se relacionam e, na maioria das vezes, direcionam a culpa para as pessoas, dizendo que elas são muito sensíveis e precisam aprender a lidar com a verdade. É muito importante lembrar que  assertividade não deve ser confundida com agressividade e/ou com humilhação.

    Além desses dois, há o passivo-agressivo, e se me permitem uma opinião, é o mais perigoso (repito: MINHA PESSOAL); e vou explicar o porquê. Imagine que você foi tomar um copo d´água, abriu a torneirinha do filtro, e enquanto o copo enchia, foi ver algo na televisão ao lado. Fatalmente o copo encheu, transbordou, e você teve de lidar com a meleca toda de água para todos os lados.
Sabe aquela pessoa que é “boazinha”, aceita as coisas, mas, quando menos esperamos explode? Assim é o passivo-agressivo; é uma mescla do tipo passivo, que viola seus direitos afim de evitar conflitos, mas quando “se cansa”, explode com a intensidade do agressivo, na busca pelos seus direitos. E quando ela vai se cansar e explodir? Nem ela sabe, e é aí que mora o perigo, e é por isso que acredito que este seja o “mais perigoso”.


    Aí você deve estar lendo este texto e se perguntando: tá, ok! Mas e ai?! Não posso falar o que penso, e também não posso deixar de falar? É isso “produção”?
    Não, não é isso! A “solução” para essas formas de comunicação chama-se ASSERTIVIDADE; e ela se encontra como um ponto de intermédio entre esses três comportamentos, e é um comportamento de comunicação em que o sujeito não agride, não ofende nem desrespeita, mas também não se submete a vontade das outras pessoas, consegue expressar suas convicções e defender seus direitos. 

    Ser assertivo está muito ligado à autoestima, autoconfiança e ao desenvolvimento emocional de cada um, ou seja, trabalhando cada uma dessas áreas, o indivíduo aprenderá a se posicionar, a comunicar suas ideias e sentimentos ou ainda defender seus direitos sem a intenção de ofender e violar os direitos do outro.



    Ahh! E sabe aquela sensação de culpa, que os “bonzinhos” sentem por ser muito permissivos ou que os “sinceros” sentem quando machucam profundamente alguém que amam? Às vezes, ela vem, pois somos seres humanos e passíveis de erros, mas ela fica BEM menos frequente!

AMANHà vou postar um VÍDEO em meu canal com DICAS para SER MAIS ASSERTIVO!! ( e acho que isso todo mundo quer, né?!)

    Gostou do texto? Curta e compartilhe com seus amigos! Além de ser importante e ajudar o blog a crescer, este texto fica disponível para mais pessoas aprenderem com a gente!!


Abraços!!


Júlia B. Benedini - Psicóloga (CRP: 08/14965)
(batepapocompensamentos@gmail.com)




"O pensamento é o ensaio da ação (Sigmund Freud)"

domingo, 30 de outubro de 2016

Tudo que VOCÊ precisa saber sobre o TRATAMENTO da ANSIEDADE!


Oi pessoal, tudo certinho?

    Hoje vamos conversar um pouquinho sobre o tratamento da ansiedade.


    Ah, vocês acompanharam as dicas que passei sobre como lidar com a ansiedade? Postei aqui no meu canal do youtube, e elas podem ser um bom começo para te ajudar! Corre lá pra ver!

    Voltando então! Antes de começar, quero “abrir um parêntese”!É bem importante lembrar que quando falamos de depressão, ansiedade, e outros problemas ligados às nossas emoções, alguns casos precisam também do acompanhamento do psiquiatra; e, assim como “psicólogo não é para doidos”, o psiquiatra também não é! Geralmente, quem diz que você precisa (ou não) do psiquiatra é o psicólogo, ok?! (fecha parêntese) =)

    Como sou psicóloga, falarei como é o tratamento na psicologia, que é a área que conheço e domino, e como já fiz anteriormente (com a história do Bruno, na depressão), usarei a história da Jéssica¹.

    Eu trabalho com um tipo de terapia chamada cognitivo-comportamental, que quer dizer que os nossos pensamentos influenciam nossos sentimentos, nossas ações e também o que acontece com o nosso corpo(reações físicas). Com a Jéssica, por exemplo, podemos notar as seguintes ideias (ou pensamentos):
- É melhor eu ficar preparada, pois a qualquer momento meu chefe, que é muito bravo, duro e frio, vai aparecer aqui e vai me dar uma bronca!
Este pensamento distorcido fazia com que Jéssica ficasse o tempo todo atenta ao ambiente, e não à máquina que estava operando; aumentando o risco de acidentes.


    Quando estamos com medo, nosso corpo automaticamente nos prepara para uma situação de fuga, e contrai a musculatura. São reflexos involuntários, mas que podem ser controlados pela mudança do pensamento, que acontece com a busca por evidencias de que este pensamento não é real. Por exemplo: Apesar dos acidentes ocorridos, Jéssica não foi repreendida pelo chefe, que foi compreensivo. Na TCC ou terapia cognitivo comportamental, o psicoterapeuta faz com que o cliente enxergue este tipo de evidencia, e muitas outras que estão gerando ansiedade.

    Outra crença que (ainda) está bem enraizada em nossa sociedade é a de os cuidados com os filhos e com a casa são obrigações das mulheres, que acabam tendo jornadas duplas e se sobrecarregam. O ideal, independente de a mulher trabalhar em casa ou fora, é que as tarefas sejam divididas entre todas as pessoas que moram na casa, inclusive as crianças (de acordo com a sua faixa etária). Em terapia, Jéssica aprendeu a importância de delegar tarefas, ensinou tarefas básicas aos filhos e recompensava com tempo de qualidade, cada vez que elas eram feitas². É importante que os maridos sejam companheiros e que as tarefas sejam divididas igualmente, visto ambos usufruem da casa.

    Ver o marido colaborativo, deixou também Jéssica mais aliviada com relação ao pensamento: se algo me acontecer, quem cuidará das crianças e da casa? Finalmente ela pôde ver que tinha com quem contar.
    À noite, Jéssica costumava ter crises de insônia e taquicardia, lembram? É bem importante lembrar que taquicardia nem sempre é sintoma de ansiedade. Antes de chegar a esta conclusão, é preciso descartar qualquer hipótese física (doenças do coração, por exemplo). Por isso é importante que haja uma equipe (médicos e psicólogos) trabalhando junto ao cliente. Para que não restasse dúvidas, a psicoterapeuta de Jéssica recomendou que ela fizesse uma visita ao cardiologista, até mesmo porque é recomendado que façamos um acompanhamento de nossa saúde, e exames frequentes (varia de acordo com cada médico).
    Saber que não tinha sérios problemas de saúde, causou em Jéssica um grande alívio, e também uma grande dúvida: afinal, o que estava fazendo o coração disparar?


    Na TCC usamos diversas técnicas para ajudar o cliente as causas dos seus sentimentos. Já sabemos que os nossos pensamentos e sentimentos causam reações físicas, e a partir daí, Jéssica começou a prestar mais atenção nas ideias e pensamentos que tinha durante a noite, começou a fazer um diário e notou que várias dessas ideias “já não faziam mais sentido”; ela não precisava mais se preocupar com doenças sérias, pois seus exames estavam ótimos, também não precisava se preocupar com a casa e as crianças, pois agora podia contar com o marido. Haviam ainda outros pensamentos, claro, mas em terapia, eles começaram a ser debatidos e Jéssica foi ficando mais tranquila.

    Também é SEMPRE recomendada a prática de atividades físicas. Além de ajudar na qualidade do sono, atividades físicas estimulam o corpo a produzir certas substâncias que são responsáveis pela sensação de prazer e de bem-estar (assim como no caso da depressão), sem contar que também são benéficas para a nossa saúde física!

    Por hoje é isso, pessoal! Espero ter ajudado vocês, caso tenham alguma dúvida, por favor, deixem um recadinho aqui, inbox na fanpage ou ainda por email! Terei o maior prazer em ajuda-los!

    Até o próximo texto, beijos!
                                                 
                                       
                                                  Júlia B. Benedini - Psicóloga (CRP: 08/14965)




 Personagem fictício, afim de ilustrar os sintomas da ansiedade e deixar o texto mais leve e descontraído¹

O ideal é sempre recompensar com elogio pelo esforço e com algo que eles gostem de fazer, mas não façam com tanta frequência, como fazer um picnic em família, por exemplo! Em outra oportunidade, discutirei mais sobre o assunto.²



"O pensamento é o ensaio da ação(Sigmund Freud)"

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Ansioso, eu?

   


         Olá pessoal, tudo certinho?

    Depois de muitos pedidos e muito estudo, vamos falar sobre ela: a ansiedade!    

     Assim como eu fiz nos textos sobre a depressão, criei um personagem, e é através dele que será o nosso bate papo da vez.


    “Jéssica estava cansada! Insônia, insônia e mais insônia!  Sabe aquela tirinha do facebook, onde um cérebro conversa com a pessoa dizendo que ela tem coisas para fazer? Ahh, aquele era o cérebro da Jéssica, sem dúvidas!

    Mãe de família “em tempo integral”, Jéssica também trabalhava no setor de máquinas de uma fábrica. Era uma funcionária muito dedicada, mas desde que as “crises de insônia” começaram, seu desempenho no trabalho caiu e nos últimos meses, com a falta de atenção, acabou sofrendo pequenos acidentes de trabalho. 
   
   A todo momento, Jéssica sentia que algo de ruim ia acontecer, que ia se machucar ou que seria demitida, pois em sua cabeça, estava o tempo todo “dando bola fora”.
   
Jéssica nunca tinha sido repreendida pelo chefe, mas morria de medo de ser. Pensava que ele era uma pessoa dura e fria, e acabava ficando tensa com qualquer chance hipotética de isso acontecer. Não percebia, mas vigiava mais o ambiente do que a própria máquina que estava operando, pois queria “estar preparada quando o chefe aparecesse”, e algumas vezes até sentia o coração disparar ou começava a tremer.
  
   Todas essas ideias negativas geravam um desgaste físico imenso, e Jéssica chegava em casa cansada, com dores no corpo todo, e ainda tinha que cuidar dos filhos e auxiliá-los nos deveres de casa. Na maioria das vezes, acabava não tendo paciência para nada, brigava com as crianças e depois, sentia um enorme peso na consciência. Tinha também que fazer o jantar, para então, deitar na cama e fingir que estava dormindo, pois não queria, mais uma vez, falar não para as “investidas” do marido, e estava muito, muito cansada para ceder.

    À noite, muitas vezes, Jéssica costumava sentir coração disparar, e isso a deixava desesperada! Quando isso acontecia, ela tremia, suava e pensava: se algo acontecer, quem cuidará das crianças? E da casa? Será que tenho algum problema sério? Era angustiante, simplesmente angustiante e ela não sabia mais o que fazer, e sabia que seria uma longa noite! Jéssica estava no limite! ”
    Antes de mais nada, é importante deixar claro que a ansiedade é uma emoção/sentimento comum a todos nós, assim como a tristeza, a raiva o medo e a alegria. O grande problema acontece quando ela passa a interferir, a nos causar problemas, assim como causou para a Jéssica.


    Aí você me pergunta: a ansiedade então é normal? Como?  A ansiedade é normal e pode inclusive nos trazer benefícios, por exemplo, quando nos impulsiona a estudar ou trabalhar mais para conseguir aquela promoção ou vaga na faculdade/cargo público, ou  ainda quando nos ensina a lidar com nossas finanças e começamos a guardar dinheiro pois ansiamos aquela viagem, carro ou casa própria.

    Porém, “tudo que é demais, faz mal”, e essa frase também vale para a ansiedade.

    Como vimos na nossa estória, a ansiedade já estava interferindo de forma significativa e negativa para a Jéssica.

   No trabalho, o seu desempenho caiu, sofreu alguns acidentes, e por chegar em casa muito cansada e estressada, ela não conseguia dar a atenção que gostaria para os filhos e o marido. Sua qualidade de vida também mudou, visto que tinha muitas crises de insônia e consequentemente, vivia irritada, nervosa.

 
   As preocupações excessivas e de certa forma, irreais com o trabalho, deixavam Jéssica tensa, e sem perceber, ela trabalhava com a musculatura das costas, pescoço e ombros contraídos, e no fim do expediente, estava com muita dor no corpo

  A tensão muscular é um dos sintomas da ansiedade. Por não conseguir relaxar e “esquecer” essas preocupações, Jéssica ficava o tempo todo atenta (e tensa), “seguindo” os passos do chefe e esperando a bronca ou demissão.

    Com toda essa tensão, dá para ter uma ideia de como a Jéssica chegava em casa, não é? Cansada, esgotada, mas ainda tinha algumas coisas para fazer.
   
    Na cabeça de Jéssica, as tarefas da casa tinham que ser feitas por ela, pois o marido trabalhava por mais tempo fora e crianças eram crianças. Sem paciência, ainda ajudava os filhos, mas queria que eles terminassem os deverem no ritmo de um adulto, para que ela pudesse descansar, e acabava se irritando com as brincadeiras. A irritabilidade ou nervosismo também é um sintoma bem presente na ansiedade, pois, em muitos casos, a pessoa não descansa, tem a falsa sensação de ter o cérebro em alerta o tempo todo.

    Durante a noite, ao sentir seu coração disparando, Jéssica ficava insegura e com medo, por pensar que havia algo de errado com ela, e isso gerava também os tremores e a sudorese. Essas ideias deixavam Jéssica em estado de alerta, causando a insônia e abrindo espaço para outras ideias e pensamentos ligados ao trabalho, casa, filhos e marido. Era sempre nesse momento que Jéssica lembrava que tinha roupas para lavar e passar, faxina por fazer, se perguntava se tinha olhado a agenda das crianças e examinava periodicamente o celular, contando quantas horas iria dormir e pensando como seria difícil ficar acordada tendo dormido tão pouco.

   As preocupações excessivas, medos, taquicardia (coração batendo acelerado), sudorese (suor), tremores, insônia, e o constante estado de alerta são outros sintomas de quando a ansiedade está nos fazendo mal.

   É importante enfatizar que os sintomas da ansiedade costumam variar de pessoa para pessoa. O fator determinante é sempre verificar se a ansiedade está atrapalhando e interferindo no seu cotidiano, dia a dia, te impedindo de fazer coisas que você antes fazia tranquilamente ou ainda te afetando de forma significativa. 

    Neste texto, procurei citar alguns os sintomas mais comuns e que eu mais vi/vejo em minha experiência com como psicóloga.

    Fiquem à vontade para comentar, perguntar ou ainda me chamar inbox na fanpage facebook caso queiram conversar sobre os sintomas de vocês, terei o maior prazer em ajudá-los!

   No nosso próximo texto, vamos conversar sobre como podemos lidar com a ansiedade, e mostrarei como é possível reverter essa situação, que a princípio, parece sem saída! 

    Espero que tenham gostado, que tenha ajudado, e que tenham se sentido de alguma forma, acolhidos!

Júlia Balieiro Benedini - Psicóloga

CRP: 08/14965



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"O pensamento é o ensaio da ação ( Sigmund Freud)"

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Socorro, meu filho tem depressão!!


  “Criança tem que brincar, pular, dar risada e curtir a infância, que é uma só!"
    Mas e quando, por alguma razão, isso não acontece?


   Olá pessoal! Tudo certinho?
   Nosso bate papo de hoje é sobre a depressão em crianças!

   A depressão em crianças foi reconhecida há pouco tempo, desde 1975, e desde então, vem sendo assunto de muitas pesquisas!

   Em qualquer faixa etária, a depressão é um assunto delicado e pede cuidados, pois se não for tratada, interfere diretamente no dia a dia das pessoas e compromete a qualidade de vida. 
   
   Os sintomas da depressão são os mesmos para adultos e crianças, porém nos adultos é mais fácil ser diagnosticada pois eles, além de se queixarem, revelam por suas atitudes quando não se sentem bem. Por não saberem nomear suas próprias emoções, os pequenos dependem do adulto para isso e por essa razão, tendem a guardar o sofrimento e queixam-se de problemas físicos, pois é mais fácil explicar o concreto e orgânico (dor de barriga, dor de cabeça), do que algo de caráter emocional.

   Como podemos então ajudar as crianças?

  •  Ensine sobre os sentimentos. Ensine o que é a raiva, tristeza, alegria, medo, ansiedade, angustia, etc. Faça atividades interativas como pedir para a criança recortar imagens que representem cada sentimento, ou que ela descreva uma situação onde sentiu cada um deles.
  •  Preste atenção em sua criança e em seu padrão de comportamento, mudanças muito bruscas exigem um olhar mais cuidadoso! Por exemplo:

       -Se seu filho é uma criança que se alimenta bem, e começou a se alimentar mal;
       -Se tinha um sono tranquilo e passou a ter noites de insônia (ou vice e versa – se tinha insônia, sono agitado e passou a sentir muito sono e dormir por longas horas durante o dia e a noite);
      -Se é uma criança tranquila e você vem recebendo queixas recorrentes da escola, de agitação, queda no desempenho escolar;

  •  A criança depressiva geralmente é muito insegura. Tem medo de se separar de seus pais e/ou cuidadores e sente muito medo; quer sempre alguém por perto.
  •  Fique atento a falas (recorrentes) do tipo: “Ninguém gosta de mim, vocês vão me abandonar, eu vou ficar sozinho, eu não consigo, meus colegas vão rir de mim, etc” Este tipo de fala pode indicar baixa autoestima.
  •  Por não saber lidar com o que está acontecendo, muitas vezes a criança acaba irritando-se com facilidade, consigo mesma e com os outros.
  •  Preste atenção no choro: o choro da criança depressiva não é aquele choro “de quem quer continuar brincando”; geralmente, é um choro indicativo de angustia e do medo que está sentindo o tempo todo; também diferente do choro da manha/birra.


   Se seu filho vem apresentando mudanças e se as mesmas vem persistindo por um período de 4 semanas (ou mais), é interessante encaminha-lo para a avaliação de um profissional da área da saúde(psicólogo, psiquiatra infantil,
pediatra).

   É importante também ressaltar que a medicação, ás vezes, necessária para alguns casos de depressão infantil; principalmente quando já está avançada e tem componente genético. Porém, quando detectada precocemente (no início),  pode ser tratada somente com psicoterapia e orientação para os pais (que também são necessárias quando a criança está tomando medicação). 
   
   A terapia da criança é parecida com a do adulto; ensinamos a lidar com pensamentos e sentimentos negativos; educamos, ou seja, ensinamos sobre emoções e como elas são geradas pelos pensamentos, porém de uma forma lúdica, através da brincadeira, jogos, desenhos, que é a forma como a criança se comunica!

   Já viu o vídeo sobre este tema? Este é só um "gostinho"! 


    O restante você pode ver clicando aqui Depressão em crianças.
    
    Comentários, dúvidas, sugestões de temas são sempre muito bem vindos! Podem me mandar por email batepapocompensamentos@gmail.com, inbox na fanpage Bate papo com pensamentos (facebook), nos comentários, ou da forma como se sentirem mais confortáveis!

   E por hoje é isso.... Espero que tenham gostado, que tenha ajudado e que tenham se sentido de alguma forma, acolhidos!
   


Júlia Balieiro Benedini - Psicóloga
CRP: 08/14965




"O pensamento é o ensaio da ação (Sigmund Freud)"

terça-feira, 19 de julho de 2016

Como ajudar alguém com depressão

    Oi pessoal! Bom dia, boa tarde ou boa noite! Tudo bem com vocês?

    No nosso último texto e vídeo conversamos sobre 5 coisas que não devemos dizer para alguém com depressão, e eu comentei que, no próximo (ou seja, neste), falaria um pouco mais como ajudar; afinal, não basta só dizer “o que não dizer ou fazer”, certo?  

    Então vamos lá!

    1)      Dar apoio, suporte.

    Acredito que este, seja o mais importante da nossa “listinha”. Claro que temos que saber aquele meio termo entre o dar apoio/estar presente e dar espaço, bem como não apoiar todas ideias (pensamentos) da pessoa, para agrada-la (você pode dizer: Eu compreendo e vejo que isso está te fazendo mal, mas vejo de forma diferente- penso “assim assim e assim”). Ouvir, questionar, perguntar como se sente, porque está pensando “tal coisa” fazem qualquer pessoa sentir que tem alguém que se importa (e que não julga) e isso faz diferença!
    
     2)      Aprenda sobre a depressão.

    É também muito importante saber o que seu amigo ou familiar tem, para que você possa ajudá-lo e entender o que ele está passando. Conhecimento também é sinônimo de prevenção! Aprenda os sinais e sintomas, as causas, melhores tratamentos, para que seu amigo/familiar sinta se sinta seguro, confiante e disposto a seguir aquilo que você diz.

     3)      Seja paciente.
    
    Seja paciente, sempre! Quando você é paciente, você transmite calma e confiança ao seu amigo/familiar.
Lembre-se que muitas vezes as pessoas com depressão não precisam (e nem querem) ouvir nada, querem somente alguém que esteja por perto e dê um colo.
    
     4)      Tenha o SEU tempo (especial para pais, filhos e parceiros).

     Às vezes, estar com alguém com depressão pode levar ao pensamento de “estar caminhando em uma corda bamba”, sentimento de instabilidade; “O que dizer, o que não dizer, o que eu faço”?  Escutar muitos pensamentos e sentimentos negativos pode ser cansativo, por isso lembre-se de ter o seu tempo e que você também é um ser humano! Tire um tempo para cuidar de si, faça as coisas que gosta!
    
    5)      Recomente que busque ajuda

    Esta, embora não esteja entre as primeiras, eu também considero BEM importante! Já disse 1, 2, 3 vezes e falarei novamente: a depressão é uma doença; e por ser uma doença, devemos buscar ajuda com profissionais da área da SAÚDE! Depressão não é mito, não é frescura e  precisa de TRATAMENTO.

    6)      Preste atenção aos pensamentos
   
    Como disse no texto/vídeo anterior, o segredo está no pensamento! Na depressão, um dos sintomas são os pensamentos negativos, que causam sentimentos negativos; e é através de uma conversa que a pessoa com depressão pode expressar estes pensamentos. Alguns exemplos de pensamentos negativos são: meus amigos não gostam de mim, me sinto um lixo, não vou conseguir, etc. No papel de amigo/familiar, em uma conversa informal, você pode questionar as ideias, o porquê e se elas têm uma razão específica (no caso de “meus amigos não gostam de mim”, perguntar se algum amigo fez algo específico para que ele se sinta assim, por exemplo). 

    Nós, psicólogos (cognitivo comportamental*), utilizamos técnicas específicas para que o próprio cliente perceba quando o pensamento é distorcido, e consiga modifica-lo, e quando não é, encontre alternativas para que se sinta confortável com tal pensamento.

     Então por hoje é isso pessoal! 
   
     No nosso próximo texto/vídeo vamos conversar sobre um tema que é relativamente novo!
     
    O Instituto Nacional de Saúde mental nos EUA reconheceu a existência da depressão em crianças e adolescentes a partir de 1975. Sim, crianças também tem depressão, e este é o nosso próximo tema!

    Se você tiver perguntas, comentários sobre o tema depressão, deixe nos comentários, me chame inbox, na fanpage ou onde se sentirem mais confortáveis! Esta troca/feedback é muito importante para mim!

    Espero que tenham gostado, que tenha ajudado e que tenham se sentido, de alguma forma, acolhidos!


*Cognitivo-comportamental é uma abordagem, linha teórica da psicologia, é, resumidamente, a forma como vamos ajudar o paciente a se sentir melhor. Existem várias dentro da psicologia: psicanálise, sistêmica, junguiana, psicodrama, etc. 




Júlia Balieiro Benedini - Psicóloga
CRP: 08/14965




"O pensamento é o ensaio da ação (Sigmund Freud)"